Desde o ano passado, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tem passado por transformações que não apenas têm ampliado o acesso à moradia, mas também impulsionado o mercado imobiliário a novos patamares. As alterações implementadas abriram espaço para que construtoras expandissem suas vendas para imóveis com valores mais elevados, resultando em um aumento expressivo de receita, margem e lucro ao longo de 2023.
Dados divulgados revelam um panorama promissor para o setor. A receita líquida das cinco principais construtoras listadas na Bolsa (Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda) alcançou a marca de R$ 4,7 bilhões no quarto trimestre de 2023, representando um crescimento de 26% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os lucros líquidos dessas empresas também apresentaram uma notável ascensão, totalizando R$ 313 milhões no último trimestre de 2023, em contraste com números próximos a zero no ano anterior.
O MCMV, outrora uma grande vitrine do governo Lula, foi reformulado visando estimular lançamentos e vendas. Desde meados de 2023, o programa viu um aumento significativo no subsídio concedido às famílias para a aquisição de imóveis, um corte nos juros do financiamento para famílias de menor renda e uma ampliação do teto de preços dos imóveis elegíveis. Essas mudanças não apenas impulsionaram as vendas, mas também permitiram que as empresas aumentassem os preços dos imóveis, refletindo diretamente em seus resultados financeiros.
Segundo analistas do setor, as construtoras viram uma melhoria substancial em suas margens de lucro. Em média, a margem bruta aumentou de 28% para 32%, enquanto a margem de lucro líquido atingiu 7%. Gustavo Cambaúva, analista de construção civil do BTG Pactual, enfatiza que o subsídio maior do programa continua permitindo que as empresas elevem os preços, resultando em resultados financeiros positivos.
Entretanto, o aumento expressivo nas vendas também trouxe consigo alguns pontos de atenção. O risco de uma eventual falta de recursos do FGTS para abastecer os financiamentos no segundo semestre é um deles. Com um ritmo de contratação acelerado nos últimos meses, estima-se que será necessário um adendo significativo no orçamento para suprir a demanda. Paralelamente, o setor da construção tem pressionado o governo para reduzir os subsídios e a oferta de crédito para a compra de imóveis usados, visando priorizar os recursos para o financiamento de unidades novas.
Apesar dos desafios, as perspectivas para o setor permanecem otimistas. Com as mudanças no MCMV impulsionando as vendas e os preços dos imóveis, as construtoras projetam uma continuidade no crescimento da receita nos próximos trimestres. A expectativa é que os balanços continuem a refletir o impacto positivo dessas mudanças ao longo de 2024 e 2025, consolidando o atual momento favorável do mercado imobiliário brasileiro.
Redação VGV com informações do Estado de S.Paulo
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