Em um ano marcado por mudanças significativas no cenário econômico e político, o setor imobiliário brasileiro surpreendeu os investidores com um crescimento impressionante de 64,6% no valor de mercado das empresas listadas na Bolsa de Valores. De acordo com um levantamento realizado pela consultoria Elos Ayta a pedido do Estadão, o total alcançou a expressiva marca de R$ 45,7 bilhões em 2023, representando um avanço quase três vezes superior ao índice Ibovespa, que registrou um aumento de 22,3% no mesmo período.
Incentivos do Governo Federal impulsionam o setor
Dentre os fatores cruciais para esse desempenho, destacam-se as condições favoráveis promovidas pelo governo federal. O aumento do teto do financiamento para projetos do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), elevando-o de R$ 264 mil para R$ 350 mil, teve um impacto direto. Além disso, a ampliação do prazo de pagamento do financiamento pela Caixa Econômica Federal, passando de 360 para 420 meses, contribuiu para impulsionar as construtoras, especialmente aquelas focadas em habitações populares.
Empresas como Tenda, Plano&Plano e Moura Dubeux foram as que mais se destacaram, apresentando crescimentos percentuais notáveis, com a Tenda liderando o ranking com um aumento impressionante de 327%.
Perspectivas positivas para o futuro
Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, destaca que o desempenho positivo das construtoras reflete não apenas o bom momento vivido pelo setor nos últimos anos, mas também perspectivas promissoras para o futuro. O ciclo de queda dos juros básicos proporciona uma visão otimista para as receitas nos próximos anos, com maior disponibilidade de renda da população e exigências menores na concessão de crédito.
“A expectativa é de recuperação de margens e um aumento significativo no volume de vendas para as empresas expostas ao programa social Minha Casa, Minha Vida”, afirma Novaes.
Destaque para a Cyrela
Em termos absolutos, a Cyrela foi a incorporadora que mais cresceu na Bolsa em 2023, alcançando um aumento expressivo em seu valor de mercado. O diretor financeiro do Grupo Cyrela, Miguel Maia Mickelberg, atribui esse sucesso à melhora do ambiente macroeconômico e aos resultados financeiros robustos alcançados pela incorporadora no último ano.
Com R$ 7 bilhões em lançamentos imobiliários e um lucro líquido de R$ 694 milhões nos primeiros nove meses de 2023, a Cyrela demonstra que sua estratégia, que inclui atuação em diferentes faixas de preços, desde o luxo até o programa Minha Casa, Minha Vida, tem sido eficaz.
Expectativas para 2024
Caio Nabuco de Araujo, analista de fundos imobiliários da Empiricus Research, prevê um cenário positivo para o setor imobiliário em 2024. A continuidade dos lançamentos de moradias populares incentivados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, aliada à melhoria das finanças das incorporadoras, aponta para um ano promissor.
“A queda de juros, controle da inflação e crescimento econômico são fatores que devem impulsionar o setor. A perspectiva é de um considerável crescimento no lucro das empresas, não apenas pela retomada das margens, mas também pelos ganhos decorrentes da melhoria da estrutura de capital”, destaca Araujo.
O setor imobiliário brasileiro, portanto, parece estar entrando em um ciclo virtuoso, impulsionado por medidas governamentais e por uma conjuntura econômica mais favorável, prometendo boas oportunidades para investidores e um impulso adicional para a economia como um todo.
Fonte: Estado de S.Paulo
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