Crédito imobiliário SBPE, que vem sofrendo com falta de recursos, comemora ingresso líquido da Poupança em Junho. No entanto, ainda é cedo para comemorar. Confira detalhes.
Após meses seguidos de retiradas superando os depósitos, a Poupança – investimento mais tradicional do brasileiro – registrou em Junho ingresso líquido de recursos. De acordo com o informado pelo Banco Central do Brasil, as entradas superaram as saídas em R$ 2,595 bilhões.
Esta foi a primeira vez no ano que esse movimento aconteceu. O feito gerou otimismo entre os que acompanham o mercado de crédito para o financiamento imobiliário que utiliza linhas do SBPE, no entanto, ainda é muito cedo para comemorar.
Por que a Poupança é importante para o financiamento imobiliário?
Além de ser o investimento mais tradicional do brasileiro, a Poupança é também uma importante fonte de recursos para o crédito imobiliário, o chamado “funding”. Isso se deve ao fato de que os bancos são obrigados por questões legais a direcionar a maior parte dos recursos depositados na Poupança para o financiamento imobiliário nas linhas SBPE (veja o que significa SBPE), que geralmente viabiliza operações envolvendo imóveis de médio ou alto padrão.
Em resumo, os recursos que os bancos recebem através dos depósitos em Poupança compõem uma boa parte dos recursos que utilizam para oferecer financiamento imobiliário para os clientes finais. Esta é considerada uma operação interessante, pois o custo de captação na poupança é baixo e, consequentemente, permite ao banco oferecer o financiamento imobiliário também a taxas mais baixas do que os empréstimos convencionais.
Quando há poucos recursos depositados em Poupança, isso significa que o banco tem poucos recursos para emprestar com taxas atrativas, fazendo com que seja necessário recorrer a outras fontes de recursos mais caras, encarecendo, assim, as taxas para os clientes finais que precisam de crédito imobiliário.
Está faltando dinheiro no SBPE?
Esta é uma pergunta feita com muita frequência ultimamente no mercado imobiliário e a resposta, de certa forma, é positiva. Isso porque há vários meses consecutivos a Poupança vem registrando saída expressiva de recursos.
Conforme informado pela Agência Brasil, somente no primeiro semestre deste ano, para se ter ideia, a poupança acumula retirada líquida de R$ 66,636 bilhões. No ano passado a caderneta registrou fuga líquida (mais saques que depósitos) recorde de R$ 103,24 bilhões, num cenário de inflação e endividamento altos, além de aplicações de renda fixa remunerando de forma bem mais atraente que a Poupança.
Com poucos recursos disponíveis, os bancos tiveram que recorrer a fontes de captação mais caras que, por sua vez, ajudaram a encarecer as taxas de juros para os clientes finais. Além disso, com pouco dinheiro em caixa para esta finalidade, começaram a ficar mais seletivos em suas aprovações de crédito para concessão de novos financiamentos.
Quais as expectativas para o crédito imobiliário via SBPE?
A captação líquida positiva registrada em Junho é um bom sinal para o mercado de crédito imobiliário, porém ainda é muito cedo para comemorar. Isso porque no acumulado do ano o saldo da Poupança ainda é negativo e os correspondentes bancários vêm relatando com frequência a escassez de recursos por parte dos bancos, sobretudo as grandes instituições financeiras que lideram o mercado no Brasil.
No entanto, no longo prazo, é um sinal de que é possível ter esperança. Além deste resultado recente, é importante lembrar que com a queda da taxa Selic se aproximando, possivelmente veremos mais recursos chegando para a Poupança (muito embora isso não seja um movimento imediato, pois a Selic precisa cair de forma mais significativa para deixar o rendimento da Poupança mais “atraente” diante das demais opções existentes hoje em renda fixa).
Outras fontes de recursos para o financiamento imobiliário
Embora seja importante, a Poupança não é a única fonte de recursos para o financiamento imobiliário no Brasil. Existem outros “fundings” tão ou mais expressivos, como é o caso do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que possui critérios específicos para utilização, além de outros.
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