No cenário dinâmico do mercado imobiliário brasileiro, as incorporadoras de alto padrão estão encontrando oportunidades surpreendentes no Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Em um movimento estratégico, empresas como Nortis, Patrimar e Benx, conhecidas por atuarem no segmento de alta renda, estão voltando seus olhares para o segmento econômico, impulsionadas pelo sucesso e estímulo do programa em 2023.
A Nortis, que opera na alta renda e na classe econômica por meio da marca Vibra, viu cerca de dois terços de suas vendas e metade de seus lançamentos em 2023 advindos do MCMV. Bruno Ghiggino, diretor financeiro da empresa, destacou a relevância desse movimento: “Tem a ver com o momento, o econômico está super estimulado, vive excelente fase.”
Outras gigantes do setor, como Patrimar e Benx, também aderiram a essa tendência. A mineira Patrimar, através da marca Novolar, planeja expandir sua participação no MCMV em 2024, reconhecendo a resiliência e a demanda praticamente inesgotável do programa, conforme afirmou Alex Veiga, CEO da empresa.
Já a Benx, que possui a VivaBenx para atuar no MCMV, enfrentou desafios em 2020 para viabilizar projetos nesse segmento. No entanto, as mudanças implementadas no programa em 2023, como o aumento do preço máximo de venda e o prolongamento do prazo do financiamento, mudaram o cenário. Luciano Amaral, CEO da Benx, afirmou que a empresa tem quatro lançamentos preparados para 2024, destacando que a plataforma voltou a ficar atrativa.
Concorrência Acentuada e Estratégias das Incorporadoras
A faixa superior do programa, destinada a famílias com renda entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil, é o foco principal dessas incorporadoras. A concorrência em São Paulo, entretanto, está se intensificando. Bruno Ghiggino, da Nortis, observa que a forte demanda estimulou a entrada de novos competidores, levando ao aumento dos preços dos terrenos.
Uma mudança notável é a disposição dos novos concorrentes em adquirir terrenos com pagamento em dinheiro, em vez de permutas, método tradicional no setor. Ghiggino alerta que essa prática representa um desafio, enquanto a Nortis procura minimizar os pagamentos em dinheiro sempre que possível como parte de sua estratégia.
A concorrência acirrada não se limita a São Paulo, afetando outros padrões e prejudicando o crescimento dos preços de venda, segundo Luciano Amaral, CEO da Benx. Ele destaca que gestoras de investimento tornaram-se players importantes no mercado, fornecendo liquidez para que as incorporadoras possam comprar terrenos em dinheiro em troca de participação no projeto.
Projeções e Estratégias para o Futuro
Apesar dos desafios, as incorporadoras mantêm projeções ambiciosas. A Benx, que projetava lançamentos de R$ 2,2 bilhões em Valor Geral de Venda (VGV) em 2023, agora planeja entre R$ 1,9 bilhão e R$ 2,1 bilhões para 2024. A Patrimar espera manter seu patamar recorde de cerca de R$ 2 bilhões em VGV lançado em 2023.
Quanto à Nortis, a empresa elevou os lançamentos em 30% em 2023, atingindo R$ 1,1 bilhão em VGV potencial. Apesar da incerteza do cenário econômico, a empresa não descarta a possibilidade de uma oferta pública inicial (IPO) em 2024, enquanto monitora atentamente as oportunidades de mercado.
Em um mercado cada vez mais competitivo, as incorporadoras continuam a explorar estratégias inovadoras para garantir seu espaço e prosperidade, adaptando-se dinamicamente às mudanças no cenário econômico e nas demandas do consumidor.
Fonte: Valor Econômico
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