Após 5 anos ininterruptos de crescimento, o mercado imobiliário brasileiro registrou sua primeira “queda” – se é que podemos rotular assim. Dados divulgados pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) demonstraram que o ano de 2022 registrou uma redução de 8,6% nos lançamentos e 3,2% em vendas em relação ao ano anterior. Muito deste resultado se deve à freada nos lançamentos dos imóveis populares enquadrados no até então programa Casa Verde e Amarela (atual Minha Casa Minha Vida) – e consequentemente nas suas vendas – haja vista que o alto custo de construção e o valor teto para venda destes imóveis inviabilizou novas operações.
Com relação às vendas, registraram queda as regiões Nordeste (-7,5%) e Sudeste (-3,8%), enquanto registraram alta as regiões Norte (2,9%), Centro-Oeste (1%) e Sul (0,7%). No geral, as vendas de unidades residenciais foram desacelerando a cada trimestre. Para a CBIC, a queda é reflexo, principalmente, da redução nos lançamentos e nas vendas do Minha Casa Minha Vida, devido ao descasamento do custo com a capacidade de compra das famílias. A entidade afirma, ainda, que enquanto não houver maiores avanços para fomentar o financiamento via FGTS deveremos ter mercado estável para queda no FGTS e redução no financiamento com recursos da Caderneta de Poupança, tendo em vista o volume de saques que esta tem sofrido devido a baixa atratividade como investimento com taxa básica de juros na casa dos 13,75%.
Impacto da atual taxa Selic no mercado imobiliário
O atual patamar da taxa de juros e a fuga de recursos do SBPE também seguem refletindo na queda na concessão de crédito e o impacto no mercado. Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o crédito para financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança caiu 16,4% em dezembro de 2022 em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Perspectivas para o mercado imobiliário em 2023
Falando em futuro, a CBIC acredita que 2023 ainda será um ano difícil em relação aos financiamentos imobiliários quando comparado aos últimos anos. As perdas nos saldos da caderneta de poupança farão com que os bancos sejam mais seletivos e as taxas de juros estão em viés de alta em função do aumento dos custos de captação.
Como sempre gostamos de ressaltar, estamos apresentando dados gerais, no entanto o mercado imobiliário brasileiro é muito “regional” e cada pedaço do país pode ter um comportamento diferente, portanto recomendamos cautela ao tomar decisões. Os dados para esta matéria foram coletados a partir do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2022, realizado pela CBIC e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. As informações foram divulgadas durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (27), com dados coletados em 207 cidades de todas as regiões do país.
Confira alguns destaques da apresentação da CBIC: