A lógica do crescimento
Publicado em 10 de Dezembro de 2009
Por Carlos Alberto Schalch Jr.
A construção civil brasileira vem passando por transformações aceleradas, ocorridas principalmente desde a década de 1990 e acentuadas nesta primeira década do século 21. A tradicional improvisação que caracterizava o setor - comum na maioria das empresas de origem familiar ou fundada por poucos sócios, em geral engenheiros recém-formados ou com alguma experiência em construtoras de maior porte -, começou a dar lugar à gestão profissionalizada. A mudança ocorreu certamente não apenas pela vontade dos proprietários dessas empresas, mas impulsionada pelas exigências de um mercado que era atingido por um novo panorama econômico, no qual produtividade e qualidade em todas as etapas produtivas traduziam-se em competitividade.
Em outras palavras, chegou ao fim o tempo em que se podia dizer “por que mudar se eu sempre ganhei dinheiro trabalhando à minha maneira?”, questionamento repetido à exaustão por uma “velha guarda” da construção, acostumada a ganhos fáceis em épocas nas quais o país crescia anualmente a taxas que hoje caracterizam a economia chinesa, em torno de 10% ao ano, e também nas quais a inflação mascarava desperdícios. Isto ao menos nos principais centros urbanos do país e nas áreas que sempre exigiram qualidade e custos adequados na construção, como nos setores industriais de ponta, de petroquímica e, atualmente, também nas empresas de topo do agronegócio. Evidentemente, há uma parcela significativa de construtoras que continua a seguir o velho padrão, mesmo nos maiores centros. Mas, embora talvez ainda não tenham se dado conta, o seu prazo de validade está vencido.
A receita adotada pela construtora Lógica Engenharia dá as costas para as práticas obsoletas e
privilegia conceitos gerais afinados com as práticas mais contemporâneas e que se revelaram, na prática, bastante corretas nesses 21 anos de existência da construtora. Em vez de mão de obra terceirizada, a aposta foi na valorização e qualificação de funcionários contratados. Não dizer amém ao cliente que procura impor materiais de segunda linha e não quer seguir as recomendações das normas para procedimentos de segurança como forma de reduzir custos, além de apresentar orçamentos rigorosos e bem-definidos, no lugar de planilhas malfeitas, que geram sobrepreço e trazem insatisfação na relação com o cliente, que deve ter a maior transparência possível nas informações sobre o andamento das obras, foram outros itens do receituário empregado. A adoção da gestão de processos descentralizada, gerando unidades com autonomia e poder de adaptação às melhores opções e práticas para cada obra, em seu contexto, aliada à conquista da certificação pela ISO 9001 e à obtenção do nível A no PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – Setor Habitação) e à gestão por resultados, estimulando os colaboradores, em vez de impor práticas transmitidas oralmente e controles deficientes, comuns em empresas familiares, traduziu-se em competitividade, produtividade e qualidade, virtudes valorizadas pelos clientes.
A somatória dessas vantagens permitiu à empresa ocupar o posto de construtora que mais cresceu em seu segmento em São Paulo, em 2008 (revista Exame – Pequenas e Médias Empresas, 2009), e obter taxas de crescimento superlativas entre 2005 e 2008: 58,8% ao ano (2005 a 2007) e 27,3% ao ano entre 2006 e 2008. Essa receita implica evidentemente em planejamento rigoroso, requer gestão profissionalizada e atualização contínua nas melhores práticas construtivas e a adoção de procedimentos de qualidade, valorização e qualificação permanente dos funcionários colaboradores e parceiros e respeito aos clientes. Exige, claro, trabalho árduo e contínuo. Mas os resultados compensam: para a empresa, que consegue crescer e ter margens de lucratividade que adicionam sustentabilidade à sua operação; aos funcionários, colaboradores e parceiros, que garantem a manutenção e o aumento dos postos de trabalho e vantagens profissionais, e à sociedade, que obtém melhores obras, mais duráveis e de qualidade, portanto sustentáveis, em todos os sentidos, ao custo adequado.
* Carlos Alberto Schalch Jr. é engenheiro e sócio-diretor da Lógica Engenharia, empresa fundada em 1988, com sede em São Paulo
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