O “patinho dourado” - por Milton Bigucci
Publicado em 15 de Julho de 2011
Em recente entrevista que dei à TV Globo – Jornal da Globo – para a eficiente e simpática jornalista Christiane Pelajo, perguntado sobre os custos e desenvolvimento da construção civil, tive a oportunidade de entrar em alguns detalhes que me parecem importantes. Falei durante 20 minutos, porém como deve passar apenas alguns minutos, este espaço me permite expor com detalhes o atual momento da construção civil.
Quem comprou imóvel nos últimos anos, e foi muita gente, ganhou dinheiro acima da inflação e foi uma das melhores aplicações de recursos.
Obviamente, os custos dos empreendimentos também subiram. O valor dos terrenos subiu à estratosfera. A mão de obra, especialmente a qualificada, foi supervalorizada, pela falta no mercado e excesso de demanda.
Só no Estado de São Paulo foram criados 86 mil novos empregos na construção civil no primeiro trimestre de 2011, ou seja, 11% a mais que no mesmo período de 2010. Este é o grande momento do emprego na construção civil no país.
Aliás, não é só na construção. Segundo o DIEESE, em 2010, cerca de 94% dos pisos salariais de 660 categorias tiveram reajustes superiores à inflação.
Uma das categorias mais procuradas na construção é a do engenheiro civil. O Brasil forma 30 mil engenheiros por ano. Entram nas faculdades 150 mil pessoas anualmente, mas não terminam. Precisamos entre 80 e 100 mil por ano. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a cada 15 vagas oferecidas a engenheiros civis, apenas uma é preenchida. A título de comparação, a China forma 400 mil engenheiros por ano; a Índia, 250 mil e a Coreia do Sul, 80 mil.
Outro detalhe que nos chama a atenção é a participação do jovem nas várias funções de trabalho na construção civil. Apesar de estar aumentando esta participação, ainda é muito pequena. O jovem sempre buscou outros segmentos, fugindo das obras. A construção civil sempre foi o “patinho feio”, parecendo ser depreciativo trabalhar nesse segmento. Hoje, a nosso ver, é o “patinho dourado” que o jovem deve buscar para melhorar o seu padrão de vida.
Com o incremento das obras, feirões da Caixa Econômica Federal, Programa Minha Casa, Minha Vida, obras de infra-estrutura pelo país, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Trem de Alta Velocidade, Pré-Sal etc, temos que qualificar mais funcionários, via Senai, canteiros de obras e escolas técnicas. Atrair o jovem. Hoje há o pleno emprego no setor.
É preciso também aperfeiçoar os investimentos em tecnologia, buscar o máximo de industrialização, eliminar os obstáculos como a exagerada burocracia e buscar mais produtividade com aumento da qualidade.
Dando emprego e construindo habitações, estamos ajudando a construir este país, concretamente, e com muito otimismo.
* MILTON BIGUCCI é Presidente da construtora MBigucci, presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, Membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP, Diretor do Departamento de Construção Civil da FIESP, autor dos livros “Caminhos para o desenvolvimento”, “Somos todos responsáveis – crônicas de um Brasil Carente” e “Construindo uma sociedade mais justa”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5, cujo patrono é Lima Barreto.
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