Sustentabilidade na construção civil - por Fernando Razuk
Publicado em 24 de Abril de 2012
Poluição visual, sonora, do ar, utilização de matérias-primas de origem não renovável e mudança na dinâmica do entorno são algumas das consequências indesejáveis das atividades dessa indústria. Sabe-se que a disposição de resíduos sólidos da construção civil em locais inadequados é um dos principais agravantes da degradação da qualidade ambiental – e que a responsabilidade pela destinação do lixo de obra é de quem o produziu, ou seja, a construtora. Por isso, são elas que devem tomar a frente em um movimento permanente em favor do meio ambiente, estimulando uma postura sustentável de toda a rede de fornecedores e consumidores do mercado goiano.
O número crescente de obras tem explicação. É uma consequência inevitável do crescimento populacional. É uma resposta à necessidade da população de morar bem e conquistar a casa própria. Afinal, mesmo gerando impactos, sem construção não há moradia. Cabe às incorporadoras atender a essa demanda social, produzindo a quantidade suficiente para conciliar expectativa e realidade. E essa missão pode e deve ser cumprida pelas empresas do setor da construção civil segundo prerrogativas universais na contemporaneidade. Isso é sinal de amadurecimento e responsabilidade ambiental.
As estatísticas expõem bem a importância de uma postura consciente das incorporadoras. Estima-se que a quantidade de resíduos gerados por construções seja cinco vezes maior do que o volume de material empregado no produto. Para se ter uma ideia, o setor consome aproximadamente 55% da madeira, 40% de matérias-primas e energia em âmbito mundial, segundo estudos do Worldwatch Institute. Em Goiânia, o volume de resíduos gerados pela construção civil já supera o de lixo doméstico, atingindo o índice de 55%. A cada dia são recolhidas na capital pelo menos 1.300 toneladas geradas por obras e reformas. Considerando estes dados, percebe-se que sustentabilidade não é mais um diferencial, mas, sim, uma necessidade iminente na indústria da construção civil.
É preciso que o setor se desdobre para reduzir os impactos das obras dentro das cidades e, principalmente, para os vizinhos das construções. Sustentabilidade e qualidade de vida são conceitos cada vez mais interdependentes. Minimizando os danos que uma obra pode gerar na região em que se insere – das mudanças no trânsito à criação de zonas sombreamento e insolação, dos ruídos à produção de poeira –, o ser humano é também colocado à frente dos avanços almejados pela indústria.
As construtoras e incorporadores devem se preocupar em reduzir os impactos ambientais desde o projeto, passando pela seleção de matérias-primas, consumo, reutilização até a disposição final dos resíduos. Essa postura deve ser resultado de um entendimento amplo, de que o meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não vivas no planeta. Ao exigir a sustentabilidade aos fornecedores e oferecê-la aos consumidores em cada serviço e produtos, as empresas de construção civil assumem sua responsabilidade pela interferência no meio ambiente.
Pesquisas recentes indicam aumento de cerca de 5% nos gastos no processo de construção caso sejam feitos investimentos em sustentabilidade. No entanto, a economia a médio e longo prazo, que gira em torno de 30% nos gastos com água e energia, compensa os gastos extras. Sem contar que, para o meio ambiente, os benefícios são inestimáveis. Uma empresa que decide gastar 30% a mais para utilizar apenas madeira de origem certificada em seus empreendimentos, por exemplo, sabe que a despesa extra é, na verdade, um investimento no futuro.
Quem lidera o setor já dá os primeiros passos consistentes em favor do meio ambiente e da qualidade de vida, reconhecendo que boas práticas são os melhores instrumentos para transformar o mundo. Mas é preciso ainda mais.
As construtoras precisam incentivar ações sustentáveis em todas as etapas de seus projetos. Este é o momento de sustentabilidade deixar de ser apenas um conceito ideal para começar a ser aplicada efetivamente em toda a cadeia da indústria de Construção Civil.
* Fernando Razuk é diretor de Incorporação da EBM Incorporações e da Ademi-GO
Parabéns pelas notícias e novidades em sustentabilidade, estamos juntos!!